segunda-feira, 21 de março de 2011

A Visita de Barack Obama e a influencia que os EUA exercem sobre o Brasil

Recebemos a ilustre visita do presidente americano Barack Obama. Esta visita foi considerada pelos analistas políticos como a tentativa de reaproximação entre os dois países.
Brasil e os Estados Unidos sempre tiveram uma relação desigual. O Brasil se comportou sempre como o “primo pobre” ou o afilhado que toma benção e deve obediência ao padrinho. E por outro lado os EUA se portavam de forma paternalista e arrogante, chegando a ter influencia, muitas vezes decisiva, na nossa política interna.
O exemplo mais gritante desta influência foi a ditadura militar que vivemos de 1964 a 1985. A participação da política externa americana foi decisiva tanto na revolução de 64 que implantou o regime militar quanto na sua revogação no inicio da década de 80.
Se não vejamos: Na década de 50, o regime comunista dominava dois terços do planeta e seu avanço até a América Latina teve inicio com a Revolução de Fidel Castro em Cuba, em 1959.
Este quadro levou os Estados Unidos a apoiar ou até mesmo promover as diversas ditaduras militares na América Latina, com o intuito de nos “proteger” contra o avanço da esquerda no mundo. Estas ditaduras só caíram, entre outros motivos, depois que assumiu a presidência do EUA, Jimmy Carter em 1977. O presidente do partido democrata, ao contrário dos seus antecessores republicanos, era um defensor ferrenho dos direito humanos e teve participação direta no processo de abertura democrática nos países da América Latina, na sua maioria governados por ditaduras militares. No Brasil, em 1978, Carter encontrou-se com o então presidente brasileiro Ernesto Geisel e convenceu o grupo de militares brasileiros ligados a Geisel a iniciar um processo de abertura, que seria concluido pelo presidente João Figueiredo.
A subserviência do Brasil aos EUA era tão gritante que se atribui a Juracy Magalhães, nomeado embaixador em Whashinton uma frase lapidar. Perguntado por um repórter em junho de 1964, respondeu: “O Brasil fez duas guerras como aliado dos Estados unidos e nunca se arrependeu. Por isso eu digo que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil” (cf. Juracy Magalhães, em depoimento a J. A. Gueiros. O Último Tenente, 3ª. Ed., Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 325)
Com o fim da ditadura e a posterior eleição de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Ignácio Lula da Silva, presidentes de origens nitidamente de esquerda, o Brasil foi se desvencilhando da dependência americana, tanto política como comercial.
No campo político o Brasil deixou de se alinhar com os EUA, em qualquer circunstancia, como acontecia no passado. A política externa brasileira se aproximou de Cuba, Irã, Venezuela e Bolívia, paises claramente contrários aos Estados Unidos, mas a maior demonstração de distanciamento do Tio Sam, foi quando o Brasil não votou favorável a sanções econômicas ao Irã, aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 2010.
No que se refere à área comercial, as barreiras comerciais imposta pelos EUA a diversos produtos brasileiros, principalmente suco de laranja, algodão, etanol e aço levou o Brasil a incrementar relações comerciais com outros países, provocando uma redução no comércio do Brasil com os EUA. Hoje o nosso principal parceiro comercial é a China.
Ao longo deste tempo, o Brasil se firmou no cenário internacional como uma economia estável e em franco crescimento, além de ter descoberto imensas reservas de petróleo na camada do pré-sal.
Tudo isto explica a tentativa de reaproximação dos EUA, que se inicia com esta visita do presidente Barack Obama e sua família ao Brasil.
Foi muito bom ter havido esta ruptura política e comercial e mais positiva ainda esta reaproximação, principalmente se considerarmos que ela partiu dos Estados Unidos.
Daqui para frente poderemos ter uma relação muito salutar entre os dois países, uma relação ganha-ganha e não o que ocorria antes, quando de um lado havia subserviência e do outro um protecionismo arrogante.
Uma autentica parceria entre a maior potencia econômica do mundo e a maior potencia econômica da América Latina poderá render bons frutos para ambos.

4 comentários:

  1. Oi, Nivaldo! Sou amiga do Sam e agora sua seguidora. Que bacana seu blog!!

    Me conta uma coisa: o Obama não vinha dar a boa notícia de que não precisamos mais de visto pra entrar nos Eua? Ou isso foi só boato?

    Beijos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá, Kaká,

    Fico feliz de saber que vc é minha nova seguidora. Agradeço também a Elaine, de Vila Velha, que também se juntou aos meus seguidores.
    Quanto a possível abolição do visto para os EUA, o que havia era uma grande espectativa neste sentido, mas não houve nenhum compromisso formal de Obama.

    Abraços

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  4. A visita do Obama ao Brasil teve por finalidade alinhar a política externa de combate às ditaduras. Uma vez que a Dilma não é amiga do Chávez nem do Ahmadinejad, os EUA esperam fazer uma coalizão no futuro para combater a ganância do Chávez, que já avisou que não sai do poder nem se perder as eleições.
    Abs

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