quinta-feira, 31 de março de 2011

Os ditadores que coloquem suas barbas de molho


Eu sou radicalmente contra qualquer tipo de ditadura, de direita, de esquerda ou de qualquer outra direção.
Já vivi a ditadura militar no Brasil e não gostei nada. Interessante observar que naquela época, aqueles que lutavam bravamente contra a ditadura militar e muitos foram torturados e mortos, queriam na sua maioria, implantar outra ditadura ainda mais perversa, a de esquerda, mas ninguém tem coragem para falar isso.
Discussões ideológicas a parte, a verdade é que não consigo aceitar um regime de partido único, sem uma imprensa livre, sem liberdade de expressão, sem alternância de poder e, principalmente, sem respeito aos direitos individuais e humanos.
Agora assistimos as manifestações do povo árabe contra seus ditadores. Parece que finalmente aquele povo sofrido e massacrado por ditadores sanguinários resolveu reagir e reivindicar mudanças. Espero que a onda de protestos que se alastra pelos países árabes seja o prenuncio de regimes democráticos naquela região.
Nos últimos trinta anos assistimos a uma grande revolução política no mundo. Até a década de setenta, dois terços da terra era ocupado por países comunistas. Na América Latina, embora apenas Cuba houvesse aderido ao comunismo, nós tínhamos um grande número de países sob a ditadura militar, além, naturalmente dos países árabes, que sempre estiveram sob ferrenhas ditaduras. Vejam que o quadro era assustador.
A partir da década de oitenta, com o patrocínio de Jimmy Cartel, presidente americano do partido democrata e notório defensor dos direitos humanos, as ditaduras militares da América Latina foram caindo uma a uma.
Concomitantemente, houve a implosão do regime comunista na União Soviética, culminando com a queda do muro de Berlim, considerado por muitos como o marco mais importante na decadencia do regime comunista no mundo.
Hoje o quadro é mais alentador, com uma considerável parte do mundo vivendo, pelo menos, com uma razoável liberdade, eleições livres e direitos individuais aparentemente garantidos.
Por outro lado, embora eu seja frontalmente contra a ditadura e a favor da democracia, da ética, integridade e igualdade de condições, reconheço que o sistema capitalista baseado na livre concorrência sem regulação do Estado não se mostra eficiente no combate às desigualdades. O retrato mais cruel do capitalismo está na desigualdade social, fruto da distribuição desigual de renda que tem como consequências a marginalização, violência, fome, miséria, favelização e retardamento da economia. "O Brasil apresenta o 8º pior índice de desigualdade do mundo, superando todos os países da América do Sul e ficando apenas à frente de sete países africanos" (MAIA, Alexandre Gori. Transformações no mercado de trabalho e desigualdade social no Brasil.)
O problema do Brasil é que a sua política não é institucionalizada. A população vota em um candidato e espera que este governe à sua maneira, esquece que ele deveria representar os interesses da população, não seus próprios interesses e de seus apoiadores. Um governo personalista coloca os contatos pessoais em primeiro lugar, ao invés de ser um instrumento do povo, que trabalhe pelo desenvolvimento sustentável e defenda a política como instituição pública, sem cara nem dono.
Portanto, aplaudimos a democracia que impera no país, mas cobramos uma regulamentação efetiva do Estado
Voltando a avalanche de protesto que assola o mundo árabe, esperamos que ela se alastre para o resto do mundo e atinja todos os países que ainda vivem sob regime ditatorial.



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