quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Operação Porto Seguro: Mais uma amostra do Mar de Lama que envolve o governo federal


Rosemary Noronha, a articuladora
Ultimamente eu tenho postado pouco neste meu espaço de auto-recreação. Os dois temas que mais me agradam são a política e o futebol. A política no Brasil é tão suja que falar sobre ela me enoja. Já o futebol brasileiro este ano não me deu alegrias. A seleção brasileira perdeu a grande oportunidade de ganhar a primeira medalha de ouro nas Olimpíadas e o meu time, o Cruzeiro, fez uma campanha sofrível no Brasileirão.

Mas com a deflagração da Operação Porto Seguro pela Polícia Federal eu não resisti e estou de volta falando mais uma vez sobre suspeitas de corrupção no governo federal. Já escrevi sobre as demissões dos ministros do governo Dilma, Antônio Palocci, Carlos Lupi, Alfredo Nascimento, Orlando Silva, Pedro Novaes, Erenice e Wagner Rossi, todos após graves denúncias de corrupção e tudo indica que a maior punição que eles terão será a simples perda do cargo. Já escrevi também sobre o processo do Mensalão. Este nem chegou ao seu final e já estoura outro grande escândalo no governo do Partido dos Trabalhadores: a Operação Porto Seguro.

Tudo começou quando o auditor do Tribunal de Contas da União Cyonil da Cunha Borges informou a Policia Federal ter recebido uma oferta de propina de Paulo Rodrigues Vieira, diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), no valor de R$ 300 mil para dar parecer favorável à empresa Tecondi, que mantém terminal de contêineres no Porto de Santos.
  
A partir daí a PF iniciou a Operação Porto Seguro que identificou um esquema de corrupção que cooptava funcionários públicos para obter pareceres fraudulentos, que beneficiavam grupos empresariais.

O esquema criminoso contava com uma central de pedidos, o escritório regional da Presidência da República, na Av. Paulista, em São Paulo. Nele, a chefe do escritório Rosemary Nóvoa Noronha era a operadora do sistema. Ela recebia os pedidos de políticos e empresários e os encaminhava.

Rosemary tem longo currículo de serviços prestados aos líderes do PT. Trabalhou doze anos para o ex-ministro José Dirceu e foi nomeada para chefiar o citado escritório regional pelo ex-presidente Lula, em 2003. Após o término do mandato de Lula, ela foi mantida no cargo pela presidente Dilma Roussef, a pedido do ex-presidente. Sempre acompanhava o ex-presidente em suas viagens internacionais, portanto, bem íntima dele..

Seu poder no governo ia muito além de sua função. Foi dela a indicação de Paulo Vieira para o cargo na ANA e de seu irmão Rubens Vieira para também diretor da Agência Nacional de Viação Civil (ANAC). O Paulo Vieira teve seu nome vetado duas vezes pelo Congresso Nacional, mas por meio de uma manobra do presidente do Congresso José Sarney, a pedido do Lula, foi aprovado em uma terceira votação.

A PF prendeu seis pessoas na operação e indiciou dezoito por fraude. No entanto, estamos apenas no inicio das investigações, esta operação poderia se chamar Operação Polvo, pois há várias ramificações, abrangendo o Escritório Regional da Presidência, órgão desnecessário criado por Lula, o TCU, as Agencia Reguladoras, a Advocacia Geral da União (AGU), diversos ministérios, etc., etc
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A presidente Dilma mandou afastar ou exonerar todos os envolvidos.
  
Interessante que se não houver alguém para denunciar estes esquemas de corrupção, eles se perpetuam no governo e ninguém vê nada. O Lula nunca soube do Mensalão, nunca percebeu as falcatruas dos seus ministros de estado, nem mesmo as manobras de sua chefe de Gabinete de São Paulo e a Dilma que sempre esteve a seu lado e agora é a presidente também não. Como são “distraídos” nossos presidentes e como são “incompetentes” seus assessores. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Partido dos Trabalhadores: O Fim de um Sonho




No livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o autor descreve a rebelião dos bichos de uma fazenda contra a tirania dos homens. Os bichos expulsam o proprietário da fazenda e tentam fazer dela um estado em que todos seriam iguais.

No inicio foi uma maravilha, mas pouco tempo depois a disputa pelo poder, a exploração do bicho pelo bicho e os privilégios dos dirigentes fizeram cair por terra os belos princípios do inicio da revolução.

Publicada em 1945, Esta novela inglesa era uma referencia direta aos descaminhos da Revolução Russa.

Começo este post lembrando essa famosa fábula para fazer uma analogia com o ocorrido, no Brasil, com o Partido dos Trabalhadores. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Durante mais de vinte anos o Partido dos Trabalhadores pregou moralidade e ética como uma de suas principais bandeiras. Podíamos discordar de vários pontos de vista defendidos pelo partido, mas era inegável sua seriedade, autenticidade (partido que surgiu das bases), e independência, pois além de não aceitar alianças contrárias aos seus princípios, seus integrantes repudiavam os demais partidos por esta prática nefasta.

Tudo corria muito bem até o partido perder três eleições para a presidência da república. Na quarta tentativa, houve uma mudança considerável. Começaram aí as alianças espúrias, admitindo como candidato a vice, um político e empresário milionário, José Alencar, recentemente falecido, do antigo Partido Liberal, hoje Partido da República, o mesmo partido que esteve em evidência no início do governo Dilma, pelas trapalhadas do seu integrante, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, demitido por suspeita de corrupção.

Após conseguir alcançar o poder, as alianças se tornaram ainda mais surpreendentes e esdrúxulas: Renan Calheiros, José Sarney, Fernando Collor, Paulo Maluf, opositores ferrenhos do passado passaram a fazer parte da malfadada “base aliada”.

A partir daí poderíamos esperar muitos conluios, maquinações e arranjos espúrios, mas o antigo e tão correto Partido dos Trabalhadores do passado, conseguiu nos surpreender com algo muito mais diabólico: um esquema criminoso de compra de votos de parlamentares do Congresso Nacional, com envolvimento de milhões de reais do dinheiro público, ou como bem disse o Procurador Geral da República “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção realizado no Brasil”

Felizmente e, finalmente, o Supremo Tribunal Federal, após bombardeio da mídia e da indignação popular resolveu realizar um processo sério e está punindo de forma exemplar, os famosos “mensaleiros”.

No entanto, fica no ar uma grande interrogação: Quem seria o chefe da quadrilha? Seria o José Dirceu, o Ministro da Casa Civil, na época, um auxiliar do ex-presidente Lula, ou seria o próprio Presidente, como afirmou o sociólogo Roberto Damatta: “impossível não crer que Lula e toda a cúpula do PT soubessem dos meandros do mensalão. (...) dentro de um partido em que o projeto de poder sempre se confundiu com o futuro e o bem-estar da coletividade no qual ele existe, me parece impossível que Lula, José Dirceu, o famoso capitão do time, e outros próceres não tivessem articulado o plano de chegar ao socialismo compadresco petista pelo capitalismo selvagem nacional – o infame mensalão...” (Roberto Damatta, Estadão 22-08)

Eis aí o fim de um sonho, o fim de um partido que nasceu grande, em seus propósitos e na sua filosofia. Que acalentou a esperança de milhares de brasileiros e termina pior do que os outros, pois esses, pelo menos, sempre foram mais autênticos no seu comportamento desonesto e antiético.

domingo, 16 de setembro de 2012

O Sistema de Cotas nas Universidades Federais



O sistema de cotas nas universidades brasileiras tem provocado um grande debate, principalmente, por trazer, embutido, nas diversas discussões, a problemática do racismo e da discriminação, presentes na sociedade brasileira.

No que se refere, especificamente, a adoção de cotas para negros, que a meu ver, foi o embrião que deu origem à adoção das cotas nas universidades, agora estendida a outras minorias, temos constatado que as opiniões são muito divergentes e conflitantes e, muitas vezes, são expressas com base em radicalismo e fortes manifestações emocionais. O argumento mais utilizado por quem é contrário ao sistema, baseia-se em dois elementos: o primeiro sustenta que ao invés de adotarmos um sistema de cotas, deveríamos melhorar o ensino médio no Brasil, principalmente, o público, o que garantiria uma equiparação de saberes para os pretendentes a ingressar nas universidades, por meio do vestibular; e o segundo, seria que no Brasil, a diferença entre os ingressantes e aqueles que não conseguem ingressar nos cursos superiores, estaria pautada na grande discrepância econômica.

Por outro lado, quem defende a política de cotas contradiz a estes dois elementos, considerando que a melhoria no ensino médio vem sendo reivindicado há décadas e a cada ano, este ensino mais se deteriora, ao passo que medidas imediatas, deveriam ser adotadas para socializar o ensino superior no Brasil. Quanto ao segundo elemento, ou seja, a diferença econômica, mesmo entre os pobres, o número de negros está, segundo pesquisa do Ibope, 47% acima dos brancos, isto é, existem mais pessoas pobres negras do que brancas.

O Sistema de cotas baseia-se no princípio do Direito das Minorias. Este nasce a partir da sua vulnerabilidade, especificidade e peculiaridades. Neste caso, o sujeito é considerado tendo em vista sua raça, etnia, religião, idade, gênero ou situação econômica e social.

Por outro lado o Direito à Igualdade é proclamado por diversos instrumentos jurídicos, entre eles: Declaração Universal dos Direitos Humanos; Constituição Federal da República do Brasil de 1988 (Prescreve o caput do art. 5º da nossa Constituição Federal de 1988: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, a segurança e a propriedade, (...)") e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (sistema especial que "objetiva erradicar a discriminação racial e suas causa, como também estimular estratégias de promoção da igualdade").

O Direito à Igualdade pode ser analisado sobre dois aspectos. 

No primeiro, tem-se a igualdade formal, abstrata e geral. Em segundo, tem-se a igualdade material, específica e concreta.

Ao lado dessa igualdade temos, como um dos Direitos Humanos, o Direito à Diferença. Ela contempla a diversidade, representa o direito do individuo ser respeitado na sua diferença e nos seus direitos. 

Neste cenário surgiram as Ações Afirmativas, com o objetivo de promover a igualdade para os grupos mais vulneráveis – as minorias.

Dentro deste conceito, surgiram as cotas nas universidades brasileiras, com o objetivo de sanar as injustiças praticadas contra as minorias ao longo de toda nossa história.

É louvável a iniciativa de criar ações afirmativas para atenuar os problemas das minorias, como a preparação dos candidatos carentes aos concursos vestibulares, incluindo aí os negros e indígenas. 

É possível e desejável criar ações afirmativas para remediar os problemas (pelo menos para os poucos que terminam o ensino médio), como cursos pré-vestibulares que elevem o nível dos candidatos mais pobres, incluindo os negros.

Simplesmente, adotar cotas, além da dificuldade de distinguir raças, num país com ampla miscigenação, é uma medida que, certamente, vai degradar o nível das universidades publicas e que não resolverá a discriminação econômica e racial, que há séculos assola nosso país. 

Estabelecer cotas pela legislação é temerário e ilegal, pois contraria a autonomia universitária, assegurada pela Constituição e pela LDB e que constitui uma garantia para a liberdade de ensino. Num país democrático, boas intenções não podem servir de pretexto para o desrespeito à lei.

Ao optar pelas cotas, o governo apenas camufla e perpetua a deficiência crônica no ensino de base, atacando o sintoma e não a causa.

O sistema de cotas foi utilizado nos EUA, numa época em que o racismo era mais evidente e bloqueava o acesso de pessoas negras aos ambientes frequentados pelos brancos. Atualmente, estão proibidas pela Suprema Corte, pois são consideradas como um agravante da discriminação racial, contrariando a igualdade republicana e agredindo a autonomia universitária.

Acredito que melhor que estabelecer sistema de cotas, poderia o governo preparar melhor os candidatos carentes, por meio de um planejado e corajoso programa de melhoria da qualidade do ensino fundamental e médio públicos, aliado a um amplo e acessível programa de financiamento estudantil, o que nivelaria a concorrência com os alunos oriundos das escolas privadas. 

sábado, 1 de setembro de 2012

Mensalão é apenas uma pequena amostra do Festival de Corrupção que Assola o País



O julgamento do Mensalão vem prendendo a atenção da mídia e da população informada nas últimas semanas.

Embora seja um dos casos mais emblemáticos da política brasileira nos últimos anos e tenha sido considerado pelo Procurador Geral da República Roberto Gurgel como “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção realizado no Brasil”, nós sabemos que se trata apenas de uma pequena amostra, oriunda do alto escalão do governo, do imenso Festival de Corrupção que Assola o País.

Nos três níveis do Poder Executivo, bem como no Legislativo e no Judiciário (haja vista as declarações da ilustre Corregedora Eliane Calmon), a corrupção, o mau uso do dinheiro público, o desperdício e a ineficiência são práticas comuns, das quais poucos gestores públicos escapam, infelizmente.

Reportagem de Otávio Cabral e Laura Diniz, publicadas na revista Veja, revelou que o custo da corrupção no Brasil alcança a espantosa cifra de R$ 82 bilhões por ano – ou 2,3% do PIB brasileiro.

Temos uma altíssima carga tributária e o governo não consegue prestar, de forma adequada, à população nenhuma de suas obrigações básicas: educação, saúde, transporte, saneamento básico e segurança, pois boa parte dos recursos arrecadados por meio dos impostos escorre pelo ralo da corrupção.

A corrupção deveria ser considerada um crime hediondo, pois pessoas morrem por falta de assistência médica, crianças perdem oportunidade de um futuro melhor por falta de educação e famílias inteiras perdem a vida ou sofrem sequelas em decorrência da péssima situação das estradas. O ministro do STF Luiz Fux, no seu voto, foi categórico ao afirmar: "A cada desvio do dinheiro público, mais uma criança passa fome"

Mesmo assim, raramente, vemos um político condenado pela justiça. A principal razão da impunidade sempre foi a falta de provas factuais. Dessa forma, grande número de políticos, inclusive, o ex-presidente Fernando Collor, foram inocentados pelo Supremo Tribunal Federal.

Ora, como bem disse o Procurador Geral da Republica "O autor intelectual, quase sempre, não fala ao telefone, não envia mensagens eletrônicas, não assina documentos, não movimenta dinheiro por suas contas, agindo por intermédio de laranjas e, na maioria dos casos, não se relaciona diretamente com os agentes que ocupam os níveis secundários da quadrilha".    

Sendo assim, a comprovação da corrupção é levantada por meio de provas indiciais e testemunhais. Aí reside a grande diferença entre o atual julgamento do STF dos anteriores. A grande maioria dos ministros considerou válidas as provas apresentadas para condenar o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, ligado ao PT, além do empresário Marcos Valério e de dois ex-sócios, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach.

No decorrer do julgamento deve prevalecer esta grande mudança na postura dos ministros quanto às provas apresentadas e, certamente, teremos mais condenações.

Vamos aguardar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Viagem ao Peru – Terceiro Capítulo: Lima


Palácio do Governo
Dia 10 de junho de 2012, domingo, nosso último dia no Peru. Ao meio dia estaremos voando de Cusco para Lima. Chegaremos a Lima por volta de 13 horas e nosso voo para o Brasil sairá apenas as 22 horas, portanto, teremos toda a tarde para conhecer, mesmo que superficialmente, a capital peruana.

Levantamos cedo para sairmos para curtir um pouco mais Cusco. Logo que chegamos à rua principal, uma surpresa: um belo desfile popular, com direito a fantasias, bandeiras, banda de música, andor com santo, etc.

Desfile religioso

 Na Praça das Armas, assistimos também a solenidade da troca da bandeira.
 
Militares perfilados para a troca da bandeira
Logo que chegamos a Lima, pegamos um taxi e fomos para o Centro Histórico. Passava pouco das duas horas da tarde e já estávamos famintos. Almoçamos um ótimo prato da cozinha peruana e fomos para a Praça das Armas ou Praça Maior. Criada por Francisco Pizzaro, esta praça abriga a Catedral, o Palácio do Governo, o Palácio Arcebispal e a atual Municipalidade, antigo Cabildo, entre outras construções do período colonial.
 
Conhecemos inicialmente a catedral, que com seu formato quadrangular imita o modelo da Catedral de Sevilha, destacando suas torres altas, com telhado de ardósia. Dentro da catedral há um interessante museu, que, infelizmente, por ser domingo, não nos foi possível conhecer.


Catedral
Fotografamos, em seguida, o Palácio do Governo. Construído em 1937, é residência oficial do presidente do Peru e de sua família, desde 1938. Na entrada principal há uma estátua de Francisco Pizarro. No seu interior há uma grande coleção de pinturas e esculturas.

Bandeira do Peru
 Tiramos várias fotos na praça.
 
Plaza Mayor
 
 
Resolvemos embarcar num “trenzinho da alegria” estacionado na praça e nos surpreendemos, pois se tratava de um veículo turístico. Ele circulou por todo Centro Histórico, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, com o locutor descrevendo todos os prédios e monumentos ao longo do percurso.

Passamos por antigos casarões com sacadas talhadas em madeira, conventos, igrejas, Palácio de Torre Tagle e importantes monumentos como o do herói José San Martin, que proclamou a independência do Peru, em 1821.

Monumento a José San Martin
 Foi ótimo! Ficamos bem impressionados com o bom estado de conservação e preservação dos bens históricos de Lima.

Em seguida, visitamos uma interessante exposição de fotografias, retratando os profissionais de rua, que atuam em Lima, como engraxates, fotógrafos, chaveiros, jornaleiros, feirantes, amoladores, etc.

Já no final da tarde, pegamos mais um taxi e fomos para Miraflores, tradicional bairro de Lima, à beira mar, repleto de modernos edifícios residenciais, hotéis, shoppings, cassinos e bares.
 
Vista noturna da praia de Miraflores
  
 


Miraflores representa a parte moderna de Lima, cidade que nos Impressionou muito e merece outra visita, com pelo menos quatro dias para conhecê-la melhor.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Viagem ao Peru – Segundo Capítulo: Machu Picchu


Machu Picchu vista da montanha
Acordamos cedo e com muita expectativa no dia 09 de abril, pois iríamos cumprir o principal objetivo da viagem ao Peru: conhecer Machu Picchu (em língua quíchua, “velha montanha”), a cidade perdida, construída no século XV e que abrigou uma das civilizações mais importantes da história mundial.
Estrategicamente incrustrada na montanha, esta pérola da arquitetura, foi construída de forma a dificultar o acesso de quem não pertencesse ao império inca. Tanto assim, que somente quatro séculos depois que os europeus descobriram a América, esta preciosidade se tornou conhecida do mundo, por meio de seu descobridor, o historiador americano Hiram Bingham, em 1911. Elevado à categoria de Patrimônio Mundial pela UNESCO e eleita como uma das sete maravilhas do mundo moderno, Machu Picchu atrai turistas do mundo todo.

Confortável vagão da PeruRail
O meio de transporte mais adequado de Cusco para Machu Picchu é através da via férrea, explorada pela Peru Rail. O vagão é confortável, o serviço de bordo é muito bom e a particularidade é o teto de vidro que facilita a visualização da Cordilheira dos Andes. São 160 quilômetros, percorridos em três horas, através de uma natureza exuberante. Esta ferrovia é a segunda mais alta do mundo, perdendo apenas para a Qingzang, no Tibet.

Chegamos a Águas Calientes por volta das dez horas da manhã e um guia já nos esperava para pegarmos o ônibus que nos levaria ao destino final. Pouco mais de meia hora e estávamos na entrada de Machu Picchu.


Antes de começarmos a percorrer o labirinto de ruas, subimos ao alto da montanha para apreciar a cidade como um todo, numa visão magnifica e emocionante. Lá de cima, é possível distinguir a “cidade alta”, que era supostamente ocupado pelas castas religiosas e pelas famílias mais importantes e a “cidade baixa”, também supostamente habitada pelos operários e escravos.


A cidade ocupa em torno de cinco quilômetros quadrados e, na encosta, foram construídas terrazzas (sistema de plantio inca) e os seus sistemas de irrigação, além dos celeiros, onde era guardado o produto das colheitas.

Em seguida, descemos e começamos a percorrer a cidade, passando pelo Templo do Sol, a pedra sagrada (“roca sagrada”), a “Plaza Principal”, onde eram realizados os rituais religiosos, o “Templo de las Três Ventanas”, “Las Puertas”, Intihuatans, etc. Ao mesmo tempo íamos imaginando como deveria ser a vida dos incas naquele tempo.

Templo del Sol
Bruno, Nivaldo e Leandro


"Templo de las tres ventanas"

Intihuatana, local de cultos relacionados aos períodos agrícolas




Fim da visita a Machu Picchu, foto com nosso guia
Percebemos que paira no ar certo mistério, o que leva muitas pessoas a crer numa força espiritual e mística advindas da civilização inca.

A viagem a Machu Picchu foi um presente que dei ao meu filho Bruno, pela brilhante defesa de sua tese de doutorado na USP, mas eu também me senti presenteado.

Foram cinco horas de deslumbramento, perplexidade e emoção, realizando um sonho antigo. O sentimento de conhecer Mach Picchu foi semelhante ao que senti quando me vi diante das Pirâmides do Egito. Indescritível!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Viagem ao Peru – Primeiro Capítulo: Cusco e Vale Sagrado

Praça das Armas - Cusco - Peru
No dia 07 de junho de 2012 chegamos a Cusco, a 3.400 metros de altitude, cidade mais importante para o turismo do Peru, sendo o ponto de partida e chegada para Machu Picchu. No passado foi o centro administrativo e cultural do Império Inca.
Era meio-dia e nos instalamos no Hotel Terra Andina, localizado a 500 metros do Centro Histórico de Cusco, com instalações simples, mas bem confortáveis e com ótimo atendimento.
Para ganhar tempo almoçamos no próprio hotel e saímos para conhecer a área central da cidade.

Era dia de corpus christi e havia uma festa popular nas ruas, com grande aglomeração de pessoas, barraquinhas, banda de música, danças, etc. O povo peruano nos pareceu simples, porém atencioso, simpático, agradável e muito alegre. A grande maioria com feições indígenas e estatura muito baixa.


Passamos pela Praça das Armas, onde se destacam a Catedral, exemplar da Escola Cusquenha de pintura, que envolve o barroco europeu e a arte andina e a igreja da Companhia de Jesus, construída pelos jesuítas sobre o Amarucancha, antigo palácio inca Huayna Cápac.

Seguimos para o Convento de Santo Domingo, onde, no início do século XVI, os espanhóis construíram uma igreja católica sobre os muros de pedra de Coricancha, templo mais importante do império inca. A igreja tem três naves, um domo, um coro esculpido para cedro, as paredes estão decoradas com azulejos de Sevilha. No convento há uma pinacoteca expondo pinturas dos séculos 17 e 18.



Voltamos para a festa popular e aproveitamos para conversar e tirar fotografias com os nativos.


Fizemos um lanche e voltamos para o hotel e compramos, ao preço de trinta e cinco dólares, por pessoa, um passeio pelo Vale Sagrado no dia seguinte. Deitamos cedo, pois às seis da manhã o guia iria nos pegar.

O Valle Sagrado de los Incas é uma região de grande valor histórico e arqueológico no vale do rio Urubamba. Há nesse vale descendentes incas que ainda falam quéchua e cultivam os usos e costumes incas.

Nossa primeira parada foi no Mirador Taray, de onde se vislumbra boa parte do Vale Sagrado.


Em seguida, visitamos o sítio arqueológico de Pisac, com suas bem traçadas terrazzas (sistema de plantio inca) Fizemos uma boa caminhada, apreciamos uma paisagem deslumbrante.





Lamentamos apenas que nosso guia disponibilizou pouco tempo para contemplarmos o sitio arqueológico e muito tempo no mercado local.

Na parada para um típico almoço peruano (incluído no preço), nos surpreendemos com o restaurante instalado num casarão espaçoso e com a comida saborosa.  Nos fundos do restaurante há uma grande área verde, onde circulam algumas lhamas, animal símbolo dos Andes. 


Seguimos para a fortaleza de Ollanta y Tambo, com suas ruínas seculares




Grupo de alunos peruanos aprenendo a história inca "in loco/'
Seguimos para o povoado de Chinchero, que fica entre Cusco e Urubamba, região belíssima, rodeada de campos verdejantes e montanhas nevadas.

Montanhas e ruinas de Chincheiro

Povoado de Chincheiro

Crepúsculo em Chincheiro
Para encerrar nosso dia, tivemos um encontro com os descendentes dos incas que nos mostraram como tecem seus tecidos e fabricam suas tintas.



Nossos colegas de excursão ao Vale Sagrado

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cassação de Demóstenes Torres é mais um passo para a consolidação da democracia no Brasil


Nos seus 186 anos de e pela segunda vez na história, o Senado Federal cassa um senador.

Após ser comprovado seu envolvimento com o bicheiro Carlos Cachoeira, acusado de liderar uma rede criminosa de jogos ilegais e corrupção, além de mentir na tribuna do Senado, Demóstenes Torres foi cassado 

O primeiro a perder o mandato foi o inexpressivo ex-senador Luiz Esteves (PMDB-DF) em 2000.

Um número tão reduzido de cassações ao longo do tempo poderia provocar no cidadão menos esclarecido a impressão de que esta casa é um local onde políticos sérios e comprometidos com o importante cargo alcançado com o voto do povo, trabalhassem arduamente voltados para o bem da sociedade.

Pura ilusão. Os políticos brasileiros, salvo raras exceções, cometem as mais variadas irregularidades no exercício de seus mandatos. Falta de decoro, uso do cargo para auferir vantagens pessoais, para os seus amigos, seus familiares e, principalmente, para os grupos econômicos que financiam suas campanhas eleitorais, compra de votos e corporativismo são práticas usuais. Infelizmente!

Quem quiser conhecer um perfeito exemplar de senador deverá ler a “biografia” de José Sarney, escrita pelo jornalista Palmério Dória no livro “Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na Era Sarney” (Geração Editorial, 207 páginas).

No entanto, existem senadores que são considerados sérios e defensores da moral e da ética no Senado Federal e Demóstenes Torres era um deles. Ele sempre teve um discurso intransigente e impiedoso contra os senadores e deputados acusados de corrupção ou outra qualquer irregularidade, mas agia, clandestinamente, cometendo os mesmos erros de seus desafetos.

Depois dessa revelação não sabemos mais em quem confiar. O Partido dos Trabalhadores também defendeu a moral e a ética durante vinte anos e depois de assumir o poder não faltaram acusações contra José Dirceu, José Genuíno, João Paulo e muitos outros petistas de destaque.

De qualquer forma, e cassação de Demóstenes Torres, mesmo sendo realizada sob intenso clamor popular, pode ser considerado mais um passo para a consolidação da jovem democracia brasileira. Quem sabe um dia não teremos no futuro um eleitor mais consciente e possamos escolher melhor nossos representantes. Não podemos perder a esperança.

domingo, 8 de julho de 2012

Viagem à Europa – Sexto Capítulo: Paris II


Último dia em Paris. Às vinte e três horas estaremos embarcando de volta ao Brasil, precisamos aproveitar bem este dia. O grupo, por sugestão das mulheres, resolveu passar o dia na Galeria Lafaiete, fazendo compras, naturalmente. Eu me rebelei e fui procurar museus, sozinho.
Minha primeira opção foi o Museu de Orsay (ou Musée d´Orsay, em francês), um extraordinário acervo instalado numa antiga estação ferroviária, Gare de Orsay. Já estive neste museu em outra viagem, mas valeria a pena revê-lo, Infelizmente a fila estava enorme e eu com pouco tempo.
Descobri que ao lado do Orsay há outro museu também interessante, o Museu da Legião de Honra, que possui uma enorme coleção de medalhas militares, de Honra ao Mérito e das Ordens da Cavalaria, diversas pinturas retratando Napoleão e outros heróis, vídeos sobre celebridades francesas como Pasteur, Lamartine, Citroen, objetos pessoais de Napoleão, incluindo um curioso nécessaire dentário, que ele levava para o campo de batalha. A entrada é gratuita, mas infelizmente não é possível fotografar nas dependências do museu. Vale a pena conhecer.
Concluída a visita, fui a pé, para o Museu Rodin, que fica a cerca de um quilômetro de distancia, no número 79, da Rua de Verenne (Estação de metrô: Varenne, linha 13 ou RER C).
O museu está localizado no antigo prédio do hotel Biron, que Rodin usou como sua oficina a partir de 1908. Posteriormente ele doou sua obra completa para o Estado francês na condição que o prédio fosse transformado em um museu dedicado a sua obra.
A fila estava pequena e eu com grande expectativa para conhecer as obras de um dos artistas mais geniais da história da arte. Inicialmente fui conhecer o jardim, que é um belíssimo museu a céu aberto, com as principais esculturas do mestre Rodin, em tamanho natural, ao lado de árvores e roseiras muito bem cuidadas.
Segue algumas fotos tiradas no jardim.
Portões do Inferno

Ugolino e seus filhos

O Pensador
Em seguida entrei no prédio para completar a visita:


Nu na luz do sol, de Auguste Renoir


E assim concluimos nossa viagem de 23 dias, 13 na travessia no Splendor of the Seas e 10 na Europa, passando por Barcelona, Lisboa, Fátima, Porto e Paris. Um grande abraço e meus agradecimentos ao nossos colegas de viagem: Plínio, Nágila, Kiliam, Marinete, Graça e Léia, minha mulher. O passeio foi ótimo e a companhia muito agradável.