sexta-feira, 18 de março de 2011

Viagem a Austrália e Nova Zelândia - Terceiro Capítulo: Franz Josef Glacier, NZ


No dia 25/12/10, saímos de carro, por volta das nove horas da manhã, com destino a Franz Josef Glacier. A estrada é estreita, sem acostamento e cheia de curvas, embora tenha um bom asfalto e seja bem cuidada. As pontes são todas com passagem para um só veículo, o que não causa grandes transtornos, já que o movimento é pequeno. A paisagem é maravilhosa: rios de águas transparentes, lagos azulíssimos, bosques e montanhas verdejantes.
No nosso planejamento, o almoço seria em um restaurante à beira da estrada. Realmente encontramos alguns, porém todos estavam fechados. Dia de Natal ninguém trabalha na Nova Zelândia. Nossa salvação foram algumas bananas e maçãs que eu havia comprado no dia anterior, apesar dos protestos de minha mulher que sugeriu que eu esquecesse, durante a viagem, minha mania de comer frutas todos os dias. “Levamos numa boa” esse incidente e rimos muito quando paramos na estrada para nossa bela refeição de Natal.
Chegamos a Franz Josef Glacier, na costa oeste da ilha sul, por volta de dezessete horas e ficamos hospedados no 58 On Cron Motel. A cidade é pequena, duas ou três ruas apenas e um grande número de hotéis e pousadas. Nessa região há uma das duas únicas geleiras do mundo que nasceram entre montanhas e florestas temperadas, residindo aí a grande atração do local.
Soubemos que havia um restaurante aberto. Famintos, fomos correndo para lá, mas estávamos fadados a passar fome naquele dia de Natal. Ao contrário do jantar do dia anterior, a comida desse restaurante era péssima e caríssima. Pagamos setenta e cinco dólares por pessoa por um self service, onde apenas o tender era razoável, o restante da comida era intragável. “Bola pra frente!”
Fomos, em seguida, numa agência reservar nossa aventura do dia seguinte: uma escalada nas geleiras. Uma atividade que requer um bom preparo físico. Foi necessário inclusive assinar um documento declarando que não tínhamos hipertensão, doenças cardíacas, diabetes, problemas de joelhos, etc. Nessa declaração constava também que a agência não nos garantia 100% de segurança.
Passamos em um supermercado para comprar o lanche da noite e a garrafa de vinho nacional, que tomávamos todos os dias antes de dormir.
No dia seguinte chegamos à agência na hora marcada. Sobre a nossa roupa, vestimos uma roupa especial e pesadas botas, além de uma pochete com um par de patins com garras ao invés de rodas, também especial para a escalada.
Em seguida entramos no ônibus que nos levou até uma mata. Éramos quarenta pessoas, que foram divididas em quatro grupos e, para cada grupo, havia um guia.
Após a preleção do guia iniciamos uma caminhada de três quilômetros numa trilha dentro da mata até chegarmos a um local coberto de pequenas pedras, onde foi antes o leito de um rio. Caminhamos mais três quilômetros até chegarmos a uma montanha de pedras, onde subimos até o início da geleira, que na verdade é uma grande montanha de neve. Não se trata de uma montanha coberta de neve como vemos no inverno no Chile, não. É uma montanha toda de gelo azulado, belíssimo. Aí começou a escalada. Em alguns pontos a subida é tão íngreme que há uma corda para apoiarmos; em outros pontos entramos – literalmente – dentro da geleira, por meio de passagens bem estreitas. Uma pessoa obesa teria dificuldade de passar por ali. Houve diversas paradas para apreciarmos as paisagens e tirar fotos. Tudo era muito bonito, emocionante e diferente para nós que vivemos em um país tropical.
Finalmente chegamos ao topo da montanha e sentimos uma bela sensação. Fizemos, ali, uma parada maior e começamos o caminho de volta. Descer é mais difícil que subir, a vantagem é que ao descer podemos apreciar mais facilmente a linda paisagem.
Minha filha ficou impressionada com minha resistência, pois o mais velho entre os trinta e nove participantes dessa aventura tinha pelo menos vinte anos menos que eu. Essa escalada foi um momento único e mágico na minha vida.
Ao retornar ao nosso hotel, depois de toda essa adrenalina, nada melhor que relaxar nas piscinas de água quente. Lá encontramos várias pessoas que participaram conosco da escalada às geleiras.
No dia seguinte, 27/12/10, seguimos de carro até Greymouth onde iríamos entregar o carro alugado e fazer uma viagem de trem, a bordo do Transzalpine Express, que sai diariamente em direção à cidade de Christchurch, que fica do outro lado dos Alpes. Na próxima terça-feira, relataremos a estada em Christchurch (Quarto Capítulo).

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