domingo, 15 de maio de 2011

Ricardão: O Terceiro Elo Para Um Casamento Feliz


Ao longo da história os homens sempre seduziram as mulheres, em busca do sexo, o que é perfeitamente natural. O interessante é que os homens preferem seduzir, principalmente, a mulher do próximo, de preferência quando o próximo não está tão próximo. Daí a figura do Ricardão, formando um tripé, muitas vezes indispensável para o bom e duradouro relacionamento conjugal. Muitos casais só conseguem chegar às Bodas de Ouro, quando existe um bom Ricardão correndo por fora, mas sempre atuando por dentro.

Para satisfazer as mulheres carentes, cujos maridos não cumprem suas obrigações matrimoniais, o bom Ricardão se dedica como um verdadeiro profissional: tem corpo sarado, barriga tanquinho, corre todos os dias, sabe tratar uma mulher com carinho, atenção e muito sexo.

Mas nosso herói sempre foi injustiçado e tripudiado através dos tempos. Muito se matou e muito se morreu por causa dele. Eram maridos traídos matando Ricardões ou Ricardões, sempre em legítima defesa, matando cornudos raivosos e de má pontaria.

Hoje tudo já está bem mais calmo e até existem maridos torcendo para aparecer algum Ricardão para aliviar-lhes a árdua missão de encarar o “dragão” que têm em casa, pelo menos, duas vezes por semana.

Alguns profissionais precisam desesperadamente da contribuição espontânea de um parceiro, pois suas atividades exigem deles uma dedicação extrema, que os impedem de dar uma assistência adequada às suas esposas.

É o caso, por exemplo, dos guardas noturnos, dos porteiros de boate, dos jogadores de futebol, dos médicos e dos executivos das grandes empresas.

O guarda noturno passa a noite andando de um lado para o outro, apitando como um condenado, muitas vezes enfrentando larápios de toda espécie, e terminando o expediente, ao nascer do sol, volta para casa exausto, com as pernas trêmulas e doloridas.

Ora, se nessas alturas o Ricardão já passou por lá e fez adequadamente o serviço, ele pode dizer que está cansado, com sono, e a mulher satisfeita sexualmente, com sentimento de culpa e devidamente sapecada pelo Ricardão, concordará aliviada. E o casal viverá muitos anos em plena harmonia.

Já o porteiro de boate é um grande sofredor. Sua profissão, já foi dito, é parecida com a do ginecologista: ele trabalha onde os outros se divertem. Passa a noite ouvindo desaforos de bêbados e de putas, correndo atrás de caloteiros. Após uma noite exaustiva, chega em casa querendo descansar. A última coisa que gostaria de fazer é transar. Como o guarda noturno, também ficaria muito feliz de encontrar a mulher já devidamente comida.

O jogador de futebol passa a maior parte do seu tempo fora de casa, viajando ou concentrado, transando com as camareiras de hotel, com as marias-chuteira ou com os colegas de quarto. É isso mesmo, com os colegas de quarto, pois como se sabe, no mundo do futebol também acontece. Alguns casos até se tornaram públicos, como o dos jogadores Clodoaldo e Edu. Dizem as más línguas que os dois foram flagrados dividindo a mesma cama, quando o Brasil disputava a Capa do Mundo de 1970. A desculpa que deram, na época, é que o Clodoaldo tinha medo de coruja. O fato não foi confirmado, mas passou a fazer parte do folclore da seleção brasileira.

Depois de transar a camareira, a maria-chuteira e o coleguinha de quarto, o jogador é obrigado a jogar noventa minutos de futebol, um esporte no qual o pau come solto. Por falar em pau, o futebol é um esporte com muita sacanagem. Vejamos: O goleiro joga debaixo dos três paus. Quando ocorre um escanteio, o técnico manda logo marcar os primeiro e segundo paus. Os laterais penetram pelos flancos, já os atacantes penetram pelo meio. O centro avante joga sempre enfiado e os zagueiros descem o cacete.

Depois dessa maratona sexual, o jogador pode ir para casa. Já pensou se tiver que transar com aquela loira oxigenada e nem sempre muito inteligente? É muito sacrifício! Neste caso também o Ricardão é indispensável.

Quanto aos médicos, dá até pena do tanto que eles estudam. Ralam para passar no vestibular, ralam para fazer seis anos de curso e, posteriormente, fazer a residência. Depois de anos e mais anos de estudo, precisam de quatro ou cinco empregos para sobreviver. E tome plantão, congressos e mais congressos. Para variar, precisam continuar estudando, se atualizando, fazendo cursos, etc. etc. Mas, como a medicina é a profissão mais charmosa do mercado, surgem fãs, que o médico tem que executar para não decepcionar a classe. E cadê espaço para cumprir o sagrado dever de marido? Não sobra tempo não. Aí o Ricardão deita e rola, com a mulher de nosso dedicado profissional, é claro.

Os executivos das grandes empresas passam os dias em reuniões estafantes, trabalham sob pressão, para equilibrar financeiramente suas organizações, numa economia complexa: impostos extremamente elevados, juros abusivos e a concorrência predatória. Viajam constantemente, são obrigados a reduzir o quadro de pessoal e não têm garantia nem mesmo do próprio emprego. Nas horas vagas, precisam dar aquela assistência sexual às amantes, secretárias ou para ambas, num cansativo ménage a trois. Vida difícil levam os executivos!

Quando chegam em casa, encontram a dondoca neurótica e deprimida querendo sexo. Só mesmo um Ricardão de alta performance consegue atenuar esse problema.

Na história da humanidade vários Ricardões marcaram sua presença nas famílias mais ilustres e famosas. Infelizmente, por ter uma atividade onde o sigilo e discrição são elementos que podem garantir até a própria sobrevivência, poucos casos vieram á tona. No Brasil, o caso mais badalado foi o do Tenente Dilermando de Assis que mantinha um romance com a mulher do famoso escritor Euclides da Cunha. O escritor descobriu o triangulo amoroso, tentou matar o Ricardão, mas acabou morto por ele. Dilermando de Assis foi julgado e absolvido.

O cinema brasileiro retratou bem a genial obra de Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos, na qual o falecido marido volta a terra, não mais como primeiro marido e sim como um competente Ricardão, que faz a festa e a alegria da ex-esposa.

Se você ficou chocado com o início deste texto, certamente já está até me dando certa razão na teoria do Ricardão, elemento muitas vezes necessário e até indispensável. E se sua profissão não foi contemplada na exposição acima, não se desespere. Pensando bem você irá encontrar várias razões para ter também seu Ricardão. Depois disso, só me resta desejar felicidades para vocês três e que não se esqueçam de convidar-me para as bodas de ouro.

Para finalizar, talvez aliviando a sua cabeça que já começa a coçar, e quem sabe já apresenta alguma saliência preocupante, dou-lhe a única receita que poderá livrá-lo desse predador implacável. Faça aquilo que ele faria por você, isto é, seja carinhoso, elogie sempre sua mulher, lembre-se das datas importantes como o dia em que você a conheceu, a data do noivado, a data do casamento, o aniversário dela; trabalhe menos, dedique mais tempo a sua mulher, pense menos em dinheiro e mais em sexo, faça mais atividades físicas, acabe com sua barriga ridícula e, principalmente, redescubra a bela mulher que vive a seu lado.

Seja você mesmo o Ricardão de sua mulher!

Um comentário:

  1. Sensacional! Felizmente minha profissão não foi contemplada, e já desisti daquela promoção, não quero virar executivo não!

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