sábado, 12 de novembro de 2011

Times de futebol descaracterizam e desmistificam seu “manto sagrado”

 
As camisas dos times de futebol sempre foram um símbolo extremamente importante para os torcedores, superando até a bandeira do clube. Tanto assim, que passaram a ser chamadas de “manto sagrado”. É mais importante que o jogador, o técnico ou o presidente. Estes todos passam, a camisa fica. Ela foi louvada em prosa e verso. O saudoso jornalista e escritor Roberto Drumont, autor de belíssimas crônicas sobre futebol deixou uma frase lapidar, exaltando a camisa do Atlético Mineiro, time de seu coração: “Se houver uma camisa branca e preta pendurada num varal durante a tempestade, o atleticano torce contra o vento”.  Esta frase expressa, claramente, o valor que o torcedor dá à camisa de seu time. Naquela época, as camisas eram limpas, não faziam propaganda, ou melhor, faziam propaganda do próprio time.

Hoje as camisas estão infestadas de propaganda, semelhantes aos macacões da Fórmula 1. Houve um verdadeiro estupro no símbolo mais representativo das equipes. As diretorias pensam apenas no faturamento, não respeitam nem mesmo as cores do clube, e que se dane a história, a tradição e a torcida.

O primeiro time a estampar propaganda na sua camisa foi o Club Atlético Peñarol, do Uruguai, nos meados dos anos 50, mas foi uma experiência efêmera, uma simples brincadeira. Apenas vinte anos mais tarde, começou a febre das propagandas nos uniformes de futebol. Foi o Eintracht Braunschweig, da Alemanha que inaugurou esta nova fase. Logo em seguida, o seu rival Hannover 96 assinou contrato com a empresa de bebidas Jägermeister, em 1973. Daí para frente foi um verdadeiro festival de desrrespeito: propaganda na frente, atrás, do lado e nas mangas das camisas, no calção, nas meias, etc. O uniforme se transformou num verdadeiro outdoor.

O único, entre os grandes clubes de futebol, que tentou manter sua camisa imaculada foi o Barcelona. Mas, infelizmente, não resistiu aos apelos publicitários e no ano passado assinou o maior contrato de patrocínio da história do futebol, no qual receberá 30 milhões de euros anualmente por cinco anos para exibir a marca da Qatar Foundation.

Depois dessa, só mesmo plagiando o imperador romano Julio César: Até tu, Barça?




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