quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Arte da Sedução


Desde os primórdios da humanidade, sempre coube ao homem correr atrás da mulher para cumprir a árdua missão de procriar, o que depois virou pura sacanagem. Na época das cavernas, o homem, sem qualquer constrangimento, arrastava a mulher pelos cabelos até uma moita e a executava sem muito papo.


Hoje as coisas estão mudando. Já existem mulheres invertendo o processo e passando de caça a caçadora, o que provoca problemas psicológicos sérios em alguns homens, que, despreparados para o assédio feminino, entram em parafuso e acabam no divã do psiquiatra.

Mas na maioria dos casos, ainda é o homem que conquista a mulher, não o contrário. Para falar da arte da sedução, recorro a um grande conquistador que conheci na década de 70, o Paulo Roberto Pinhé. Advogado bem sucedido, baixinho, bem vestido, o Pinhé era conhecido por desfilar com belas mulheres e, principalmente, por gostar muito de falar de suas conquistas e de sua técnica apurada para alcançar seus objetivos.

Segundo o Pinhé existem três profissões privilegiadas no que se refere à conquista de mulheres: a medicina, o magistério e a clerical. O médico, o professor e o padre despertam especial fascínio nas mulheres. Após essa constatação, o Pinhé passou a utilizar disfarces desses três profissionais.

Naturalmente que, para desempenhar razoavelmente seu papel, nosso amigo estudou o perfil de cada um e obteve noções básicas dessas profissões.

Quando sai de médico, veste a tradicional roupa branca, maleta de instrumentos médicos e o estetoscópio pendurado no pescoço. Esse detalhe é muito importante, para ele não ser confundido com outros profissionais de saúde com menor apelo sexual. Normalmente, quem utiliza de estetoscópio é o médico.

Para sair de professor, Pinhé veste um guarda-pó branco, com a inscrição “Professor Pinhé” colocada sobre o bolso do lado esquerdo, alguns livros debaixo do braço e uma caixa de giz com um apagador, bem no formato antigo, mas inconfundível.

Como padre, fica mais simples. Basta incluir aquela tira branca no colarinho, sob uma roupa discreta e um terço no pescoço. Nessa modalidade há uma variação, que é o pastor evangélico, também muito badalado entre as mulheres. Aí basta vestir um terno brega, uma gravata colorida e levar uma bíblia debaixo do braço. Esse detalhe é importantíssimo, a bíblia é indispensável.

Devidamente paramentado nosso herói vai à luta. Sua técnica depende do objetivo, Isto é, do tipo de mulher que ele busca. Para as solteiras o caminho é a “balada”, naquela época chamada de “gandaia”. Valem: bar, boate, discoteca, inferninhos, festas privativas...

A partir daí, basta fazer uma boa abordagem e correr para o abraço ou para a cama.

Para as casadas, o grande canal é frequentar supermercado, aonde a mulher, geralmente, vai sozinha e quando acompanhada pelo maridão, esse vai para o setor das bebidas e deixa a mulher dando sopa no “hortifruti” Aí basta sair fingindo que está comprando, enchendo o carrinho de qualquer produto. Avistando uma mulher interessante é só provocar uma ligeira “batida de carrinho”, pedir mil desculpas e engatar um papo. Outro local interessante é a porta de escola, na hora da saída. Nesse caso se a mulher se mostrar indiferente aos olhares vale também uma pequena batida no carro dela. Será inevitável a troca de cartões de visita, uma pequena despesa com a oficina de lanternagem e uma aproximação posterior, que poderá compensar amplamente. Salão de beleza unisex pode ser interessante como também Academia de Ginástica. Na Academia, o lance é caminhar na esteira ao lado da beldade e levar um papo tipo geração saúde, daí para o motel é um pulo.

Há mais ou menos uns cinco anos, encontrei-me com o Pinhé, já um sessentão, mas ainda em plena ativa, isto é, paquerando como sempre.

Depois de um longo papo e alguns chopes, perguntei se ele estava muito satisfeito com o advento do Viagra. Afinal agora ele poderia prosseguir com sua trajetória de conquistas por muito mais tempo. Sua resposta foi surpreendente:

- “o surgimento desses remédios para disfunção erétil foi uma lástima. Agora qualquer “Zé Mané” toma uma pílula dessa e tem um desempenho igual ao meu. Perdi minha vantagem competitiva.”

3 comentários:

  1. HAHAHAHAHHAHA... Nivaldo, a-do-rei! Tô começando a achar que a habilidade para escrever é de família. Vc e o Sam são ótimos nisso.

    Olha, gostei muito do tema, viu? Acho que os homens estão perdidos com tanto assédio, eles não sabem mais o que fazer com a masculinidade... até porque até isso mudou de conceito, né? E curti muito tbm a história do Pinhé, deve ser um figuraça. Quanto as profissões, eu prefiro os analistas de sistemas... rs

    Beijos.

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  2. Po tá entregando o ouro pro bandido aí. hehe...

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  3. É verdade Ká, a arte da escrita também me parece de família mesmo. Gostei da prosa do Pinhé. Em relação ás conquistas, estamos diante de uma nova configuração social onde a mulher sai para trabalhar, muitas vezes é a provedora do lar e nada mais sensato que ela também faça suas escolhas, seja de atitude e parta pra cima mesmo, que chegue junto, sem que haja nenhum preconceito. Os papéis mudaram e como você mesmo disse Nivaldo, os homens não estão sabendo lidar com essa nova realidade porque a figura machista, de homem com H fala mais alto. Haaaaaa, queria ser psiquiatra nessas horas, para saber o que se passa na cabeça dos homens diante de situações como esta, qual seria o discurso de vocês.

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