quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Partido dos Trabalhadores: O Fim de um Sonho




No livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o autor descreve a rebelião dos bichos de uma fazenda contra a tirania dos homens. Os bichos expulsam o proprietário da fazenda e tentam fazer dela um estado em que todos seriam iguais.

No inicio foi uma maravilha, mas pouco tempo depois a disputa pelo poder, a exploração do bicho pelo bicho e os privilégios dos dirigentes fizeram cair por terra os belos princípios do inicio da revolução.

Publicada em 1945, Esta novela inglesa era uma referencia direta aos descaminhos da Revolução Russa.

Começo este post lembrando essa famosa fábula para fazer uma analogia com o ocorrido, no Brasil, com o Partido dos Trabalhadores. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Durante mais de vinte anos o Partido dos Trabalhadores pregou moralidade e ética como uma de suas principais bandeiras. Podíamos discordar de vários pontos de vista defendidos pelo partido, mas era inegável sua seriedade, autenticidade (partido que surgiu das bases), e independência, pois além de não aceitar alianças contrárias aos seus princípios, seus integrantes repudiavam os demais partidos por esta prática nefasta.

Tudo corria muito bem até o partido perder três eleições para a presidência da república. Na quarta tentativa, houve uma mudança considerável. Começaram aí as alianças espúrias, admitindo como candidato a vice, um político e empresário milionário, José Alencar, recentemente falecido, do antigo Partido Liberal, hoje Partido da República, o mesmo partido que esteve em evidência no início do governo Dilma, pelas trapalhadas do seu integrante, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, demitido por suspeita de corrupção.

Após conseguir alcançar o poder, as alianças se tornaram ainda mais surpreendentes e esdrúxulas: Renan Calheiros, José Sarney, Fernando Collor, Paulo Maluf, opositores ferrenhos do passado passaram a fazer parte da malfadada “base aliada”.

A partir daí poderíamos esperar muitos conluios, maquinações e arranjos espúrios, mas o antigo e tão correto Partido dos Trabalhadores do passado, conseguiu nos surpreender com algo muito mais diabólico: um esquema criminoso de compra de votos de parlamentares do Congresso Nacional, com envolvimento de milhões de reais do dinheiro público, ou como bem disse o Procurador Geral da República “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção realizado no Brasil”

Felizmente e, finalmente, o Supremo Tribunal Federal, após bombardeio da mídia e da indignação popular resolveu realizar um processo sério e está punindo de forma exemplar, os famosos “mensaleiros”.

No entanto, fica no ar uma grande interrogação: Quem seria o chefe da quadrilha? Seria o José Dirceu, o Ministro da Casa Civil, na época, um auxiliar do ex-presidente Lula, ou seria o próprio Presidente, como afirmou o sociólogo Roberto Damatta: “impossível não crer que Lula e toda a cúpula do PT soubessem dos meandros do mensalão. (...) dentro de um partido em que o projeto de poder sempre se confundiu com o futuro e o bem-estar da coletividade no qual ele existe, me parece impossível que Lula, José Dirceu, o famoso capitão do time, e outros próceres não tivessem articulado o plano de chegar ao socialismo compadresco petista pelo capitalismo selvagem nacional – o infame mensalão...” (Roberto Damatta, Estadão 22-08)

Eis aí o fim de um sonho, o fim de um partido que nasceu grande, em seus propósitos e na sua filosofia. Que acalentou a esperança de milhares de brasileiros e termina pior do que os outros, pois esses, pelo menos, sempre foram mais autênticos no seu comportamento desonesto e antiético.

Nenhum comentário:

Postar um comentário