quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Incompetência, politicagem e mau uso do dinheiro público provocam centenas de mortes nas enchentes, todos os anos.


O Serviço de Meteorologia informa: todos os anos, no verão, teremos chuvas fortes.

Por outro lado temos um crescimento urbano fora de controle, ocupando áreas de alto risco, sob a complacência dos órgãos públicos, um descarte de lixo nas áreas públicas por uma população mal educada, além da péssima distribuição das verbas para o combate aos desastres e a inevitável corrupção. Eis aí o quadro completo para a repetição das tragédias, ano após ano. Não é concebível brincar com vidas humanas, num país onde não faltam recursos, mas há uma carência enorme de planejamento, responsabilidade e caráter por quem deveria trabalhar para o bem comum.

No ano passado foi o Rio de Janeiro, o estado mais atingindo pelas chuvas, com grande número de mortes, principalmente, no morro do Bumba e em Angra dos Reis. Agora, o estado de Minas Gerais e, novamente, o Rio de Janeiro estão devastados pelas chuvas torrenciais, sendo Sapucaia, o município com maior número de mortes.

No meio dessa tragédia, descobre-se que o Ministério da Integração Nacional destinou 90% das verbas para controle das enchentes para Pernambuco, estado do ministro Fernando Bezerra. O ministro é acusado também de privilegiar sua base eleitoral em Petrolina (PE), liberando emendas de seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), com o maior volume de liberação de emendas parlamentares de sua pasta em 2011. Há também a denúncia que o ministro espalhou seus familiares na máquina pública federal.

E o que faz o governo? Depois da tragédia instalada, a presidente antecipa a volta das férias, convoca os ministros envolvidos, que não deveriam tirar férias nesta época, mas também estavam, despreocupadamente, refestelando-se em algum paraíso turístico. Aí fazem inúmeras reuniões, criam uma força-tarefa, uma verdadeira ação para “apagar incêndio”, no meio de tanta água. Seria cômico, se não fosse trágico.

E o que esperar desse pacote de medidas emergenciais? Se basearmos nos anos anteriores, quando houve muito barulho e pouca ação, pois ainda temos desabrigados das enchentes de 2008, nada será resolvido. O mais lamentável é todos sabem, perfeitamente, qual seria a solução definitiva: remoção das populações em áreas de risco, multa por ocupação e descartes de lixo irregulares, aumento da área verde, proteção da mata de encosta de morros, preservação de do curso natural de rios, melhor colheita de lixo, etc.  

Como, provavelmente, nada disso será feito, podemos aguardar para o próximo ano, as mesmas chuvas, os mesmos desabamentos, os mesmos desabrigados e desalojados e, o pior, possivelmente, um maior número de mortos.

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