quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Operação Porto Seguro: Mais uma amostra do Mar de Lama que envolve o governo federal


Rosemary Noronha, a articuladora
Ultimamente eu tenho postado pouco neste meu espaço de auto-recreação. Os dois temas que mais me agradam são a política e o futebol. A política no Brasil é tão suja que falar sobre ela me enoja. Já o futebol brasileiro este ano não me deu alegrias. A seleção brasileira perdeu a grande oportunidade de ganhar a primeira medalha de ouro nas Olimpíadas e o meu time, o Cruzeiro, fez uma campanha sofrível no Brasileirão.

Mas com a deflagração da Operação Porto Seguro pela Polícia Federal eu não resisti e estou de volta falando mais uma vez sobre suspeitas de corrupção no governo federal. Já escrevi sobre as demissões dos ministros do governo Dilma, Antônio Palocci, Carlos Lupi, Alfredo Nascimento, Orlando Silva, Pedro Novaes, Erenice e Wagner Rossi, todos após graves denúncias de corrupção e tudo indica que a maior punição que eles terão será a simples perda do cargo. Já escrevi também sobre o processo do Mensalão. Este nem chegou ao seu final e já estoura outro grande escândalo no governo do Partido dos Trabalhadores: a Operação Porto Seguro.

Tudo começou quando o auditor do Tribunal de Contas da União Cyonil da Cunha Borges informou a Policia Federal ter recebido uma oferta de propina de Paulo Rodrigues Vieira, diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), no valor de R$ 300 mil para dar parecer favorável à empresa Tecondi, que mantém terminal de contêineres no Porto de Santos.
  
A partir daí a PF iniciou a Operação Porto Seguro que identificou um esquema de corrupção que cooptava funcionários públicos para obter pareceres fraudulentos, que beneficiavam grupos empresariais.

O esquema criminoso contava com uma central de pedidos, o escritório regional da Presidência da República, na Av. Paulista, em São Paulo. Nele, a chefe do escritório Rosemary Nóvoa Noronha era a operadora do sistema. Ela recebia os pedidos de políticos e empresários e os encaminhava.

Rosemary tem longo currículo de serviços prestados aos líderes do PT. Trabalhou doze anos para o ex-ministro José Dirceu e foi nomeada para chefiar o citado escritório regional pelo ex-presidente Lula, em 2003. Após o término do mandato de Lula, ela foi mantida no cargo pela presidente Dilma Roussef, a pedido do ex-presidente. Sempre acompanhava o ex-presidente em suas viagens internacionais, portanto, bem íntima dele..

Seu poder no governo ia muito além de sua função. Foi dela a indicação de Paulo Vieira para o cargo na ANA e de seu irmão Rubens Vieira para também diretor da Agência Nacional de Viação Civil (ANAC). O Paulo Vieira teve seu nome vetado duas vezes pelo Congresso Nacional, mas por meio de uma manobra do presidente do Congresso José Sarney, a pedido do Lula, foi aprovado em uma terceira votação.

A PF prendeu seis pessoas na operação e indiciou dezoito por fraude. No entanto, estamos apenas no inicio das investigações, esta operação poderia se chamar Operação Polvo, pois há várias ramificações, abrangendo o Escritório Regional da Presidência, órgão desnecessário criado por Lula, o TCU, as Agencia Reguladoras, a Advocacia Geral da União (AGU), diversos ministérios, etc., etc
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A presidente Dilma mandou afastar ou exonerar todos os envolvidos.
  
Interessante que se não houver alguém para denunciar estes esquemas de corrupção, eles se perpetuam no governo e ninguém vê nada. O Lula nunca soube do Mensalão, nunca percebeu as falcatruas dos seus ministros de estado, nem mesmo as manobras de sua chefe de Gabinete de São Paulo e a Dilma que sempre esteve a seu lado e agora é a presidente também não. Como são “distraídos” nossos presidentes e como são “incompetentes” seus assessores. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Partido dos Trabalhadores: O Fim de um Sonho




No livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o autor descreve a rebelião dos bichos de uma fazenda contra a tirania dos homens. Os bichos expulsam o proprietário da fazenda e tentam fazer dela um estado em que todos seriam iguais.

No inicio foi uma maravilha, mas pouco tempo depois a disputa pelo poder, a exploração do bicho pelo bicho e os privilégios dos dirigentes fizeram cair por terra os belos princípios do inicio da revolução.

Publicada em 1945, Esta novela inglesa era uma referencia direta aos descaminhos da Revolução Russa.

Começo este post lembrando essa famosa fábula para fazer uma analogia com o ocorrido, no Brasil, com o Partido dos Trabalhadores. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Durante mais de vinte anos o Partido dos Trabalhadores pregou moralidade e ética como uma de suas principais bandeiras. Podíamos discordar de vários pontos de vista defendidos pelo partido, mas era inegável sua seriedade, autenticidade (partido que surgiu das bases), e independência, pois além de não aceitar alianças contrárias aos seus princípios, seus integrantes repudiavam os demais partidos por esta prática nefasta.

Tudo corria muito bem até o partido perder três eleições para a presidência da república. Na quarta tentativa, houve uma mudança considerável. Começaram aí as alianças espúrias, admitindo como candidato a vice, um político e empresário milionário, José Alencar, recentemente falecido, do antigo Partido Liberal, hoje Partido da República, o mesmo partido que esteve em evidência no início do governo Dilma, pelas trapalhadas do seu integrante, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, demitido por suspeita de corrupção.

Após conseguir alcançar o poder, as alianças se tornaram ainda mais surpreendentes e esdrúxulas: Renan Calheiros, José Sarney, Fernando Collor, Paulo Maluf, opositores ferrenhos do passado passaram a fazer parte da malfadada “base aliada”.

A partir daí poderíamos esperar muitos conluios, maquinações e arranjos espúrios, mas o antigo e tão correto Partido dos Trabalhadores do passado, conseguiu nos surpreender com algo muito mais diabólico: um esquema criminoso de compra de votos de parlamentares do Congresso Nacional, com envolvimento de milhões de reais do dinheiro público, ou como bem disse o Procurador Geral da República “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção realizado no Brasil”

Felizmente e, finalmente, o Supremo Tribunal Federal, após bombardeio da mídia e da indignação popular resolveu realizar um processo sério e está punindo de forma exemplar, os famosos “mensaleiros”.

No entanto, fica no ar uma grande interrogação: Quem seria o chefe da quadrilha? Seria o José Dirceu, o Ministro da Casa Civil, na época, um auxiliar do ex-presidente Lula, ou seria o próprio Presidente, como afirmou o sociólogo Roberto Damatta: “impossível não crer que Lula e toda a cúpula do PT soubessem dos meandros do mensalão. (...) dentro de um partido em que o projeto de poder sempre se confundiu com o futuro e o bem-estar da coletividade no qual ele existe, me parece impossível que Lula, José Dirceu, o famoso capitão do time, e outros próceres não tivessem articulado o plano de chegar ao socialismo compadresco petista pelo capitalismo selvagem nacional – o infame mensalão...” (Roberto Damatta, Estadão 22-08)

Eis aí o fim de um sonho, o fim de um partido que nasceu grande, em seus propósitos e na sua filosofia. Que acalentou a esperança de milhares de brasileiros e termina pior do que os outros, pois esses, pelo menos, sempre foram mais autênticos no seu comportamento desonesto e antiético.